No consenso existem dois meios comuns. Um é um acordo geral entre os membros de um grupo ou comunidade, o outro é como uma teoria e prática de receber tais acordos.
Consenso não é um sistema de votação, mas uma forma que todo o grupo ou comunidade entra na tomada de decisão. O voto consiste em estabelecer um ponto que a maioria concorde, como por exemplo na escolha de uma ou mais pessoas para uma determinada posição de "poder" através de uma eleição onde quem obtiver mais votos vence.
Ambos fazem parte do processo construtivo da negociação compartilhando a tomada de decisão com todos (100%) os interessados, porém a decisão por consenso tem a tendência de ser mais construtiva, na qual todas as opiniões são ouvidas, ponderadas, e inclusive as minorias ou partes de menor influência no grupo tem voz para renegociar uma determinada decisão, colocando seus pontos de modo a manter a discussão sobre um determinado assunto até que um consenso se estabeleça. O consenso se refere à liberdade com que uma pessoa trabalha em uma comunidade ou grupo.
"O consenso leva em conta as preocupações de todos e visa a resolvê-los/aclarar-los antes que a decisão seja tomada. O mais importante, neste processo é incentivar um ambiente em que todos são respeitados e todas as contribuições são avaliadas. O consenso formal é um processo de decisão mais democrático. Grupos que desejam envolver sempre mais voluntários na participação têm a necessidade de utilizar um processo inclusivo.
Para atrair e envolver cada vez mais pessoas é importante que o processo incentive a participação, permita o acesso igual ao poder, desenvolva a cooperação e crie um sentido da responsabilidade individual para as ações do grupo. O objetivo do consenso não é a seleção de diversas opções, mas o desenvolvimento de uma decisão que seja a melhor para o grupo como um todo. É em síntese evolução, não competição nem atrito."
O consenso, o dissenso e a política
A política é dissenso, não há talento algum em cooptar o opositor, comprando seu apoio e transformando-o num subordinado. Há um senso comum que concebe alguns líderes públicos maringaenses como políticos de extrema competência, mas segundo nossos pressupostos, podemos dizer que isto é um equívoco, pois atuar politicamente sem considerar o conflito é mascarar a realidade, brincar de faz-de-conta e estabelecer bases de atuação que não se sustentam por muito tempo, pois acabam ficando muito onerosas para serem mantidas, em geral com cargos, concessões, contratos, títulos e honrarias etc.
Como assegura um sociólogo chamado Francisco de Oliveira, isso é, na verdade, a anulação da política. Ou seja, faz-se “consenso imposto” e se chama a isso política. Os consensos devem ser estabelecidos nos embates públicos, transparentes e nas arenas democráticas.
Se existe um elemento positivo na política é o fato de as pessoas poderem expressar opiniões visceralmente contrárias à maioria e nem por isso serem punidas por suas opiniões.
A troca de idéias, o debate acalorado, só contribui para o amadurecimento das instituições democráticas. O contrário é ditadura.
Na atual sociedade democrática, legitimada pela “Constituição cidadã”, a esfera pública pós-1988 caracteriza-se por uma necessária participação da sociedade civil nos processos e instâncias de gestão que devem ser paulatinamente ampliadas e estendidas até alcançar todos os segmentos sociais e não apenas os historicamente organizados que já têm assento em todas as mesas de decisão, desde sempre no Brasil.
Podemos dizer então que, ao contrário do que se admite comumente em todas as mesas de prosas sobre política, a atuação de alguns de nossos principais representantes demonstra incapacidade e incompetência para o exercício da verdadeira política.
Muitos cidadãos da sociedade maringaense e regional estão ávidos por se tornarem atores principais nessa arena pública onde hoje se vê apenas astros reluzentes e coadjuvantes medíocres que não têm fala, a não ser que a fala seja para compor o consenso.
Fico imaginando o que os descendentes de muitos homens públicos de hoje pensarão destes daqui a algumas décadas, pois a trajetória que estão registrando nos anais da história é constrangedora.
Muitos serão renegados pelos seus descendentes, mesmo aqueles cuja herança venha a ser muito volumosa. Nem precisamos ir além, no tempo e no espaço, para materializar o que isso significa.
Há certo sobrenome nesta cidade, de certo ex-prefeito, que ninguém se orgulha em dizer que possui, aliás, a maioria dos membros de tal família se mudou para outros Estados e os que, por ventura aqui permanecem, não desfilam frequentemente nas colunas sociais dos jornais locais.
Queremos atuar ao lado de líderes políticos que saibam governar sem abstrair e desconsiderar as diferenças e os conflitos por uma razão muito simples: eles existem nesta sociedade marcada por desigualdades e desconsiderá-los significa ajudar a reproduzir a desigualdade que gera problemas sociais que nem a mais articulada capacidade de cooptação será capaz de resolver.
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